terça-feira, 30 de janeiro de 2007

É

Fecho os meus aplicativos, cerro o “uindons”, digo “até logo” e ninguém nem “a merda”. Bato o cartão em precisas 18:19 e saio em direção da parada de ônibus que me espera, ora vejam, parada.

No ponto de ônibus quase em frente à Igreja de São Pedro, na Av. Cristóvão Colombo em Porto Alegre, competimos eu e mais uns dez para ver quem tem a melhor visão do letreiro e, ou do número do bendito coletivo que faz a curva e vem em nossa direção, como que saísse de dentro do Sol escaldante da aurora da capital. Com a mão em gesto de continência para obstruir a claridade, vamos nós em disparada para ver quem chega primeiro até a porta do bendito. Credo, tem que botar mais ônibus nessa cidade... meia-hora e essa joça vem lotada? – esbraveja um Senhor que mescla a sua fúria com as varizes e o suor. Uma verdadeira lata de sardinhas. Também pudera, era de tardezinha e todos estavam acabando de sair dos seus trabalhos e o stress aflorando na mente daqueles que não viam a hora de chegar em casa.

Caos, simplesmente caos. A cada pessoa que levantava pra descer, era como se centenas de pombas da praçã da Alfândega lutessem por uma migalha de pão. Aquele murmurinho e estalos lamentando o engavetamento de certa forma enchiam o saco. Alertava o motorista “até eu fiquei vinte minutos na parada, vocês tem razão: assim não dá”.

Sigo na direção da minha casa, de olhos fechados no coletivo, imaginando o repouso e os momentos de lazer, tentando esquecer que “amanhã tem mais”... o que dirá daqui há uns 10 anos?! Farei de tudo para estar bem distante disso.

Um comentário:

Anônimo disse...

ai lambari, que rotina soda essa...eu também sei um pouco do que é isso.

mas nem imagina o que será daqui a 10 anos...deixa quieto.

agora me lembrei do chico, "o que será, o que será..."

beijo!!

estarei aqui sempre que der, me divirto lendo o que tu escreve, muito bom*!!

*é verdade.